Uma voz está nascendo...
Muito em mim mudou. A travessia foi impulsionada através do luto, em 2015. Não me dei conta. Depois, de 6 anos, com análises e profundos mergulhos, dei-me conta dos meus traumas, dos dispositivos que o acionam... São monstros! Como ponderá-los para não destilar tanto ódio? Com o luto, eu tive que me encarar: quis voltar, porém, já não era mais possível: eu já tinha sido lançada para um outro lugar.
Esse lugar, chama-se vida adulta, sem firulas.
A liberdade tem um preço, um custo: custa crescer... custa deixar velhas neuroses, raízes profundas. Custa dizer não! Custa...
Um dia, minha analista, disse: Escute esta música quando chegar em sua casa: "Debaixo d´água", da Maria Bethânia. E eu como uma pisciana invicta, sempre tive dificuldade de respirar. Quando fui lançada para vida adulta, muito cedo, sempre me senti com dificuldades de respirar, pois, tomar decisões e bancar com elas, era muito difícil, ainda é: e com o peito efervescendo de raiva, ressentimento, medos, traumas, angústias, fica mais difícil. Na análise procuro amenizar essa raiva, ponderá-la: difícil travessia...
Choro, às vezes, desesperamente. Com a escrita, com a análise, eu me dou a chance de vivenciar essas dores... e na vida adulta, tento ponderar à minha raiva, às minhas incompletudes, os meus desamparos: senão, perco todos e tudo. Mas, todos os dias o meu coração sangra... Talvez, esteja me curando, por incrível que pareça: porque pela primeira vez me dei a chance de sentir esses sentimentos tão terríveis. Dei-me a chance de sentir raiva, ressentimento, dos meus algozes: que são tantos.
Com a análise, hoje, tento minimizar o impactos dessas dores nas minhas ações e sentimentos.
Um voz esta nascendo: à minha voz, que, não é a melhor, mas, que quer existir... que tem vontade de viver!
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