Desamparo

 Descobri, a pouco tempo, que há uma "menina" em mim desamparada. Digamos, uma criança desamparada, feria pelo desamparo; e que de alguma forma, carreguei-a comigo por esses longos anos. 

Adianto que deixá-la ir, não é tarefa fácil. É desértico a sensação de desamparo. 

Na verdade, estou ainda a elaborar esta questão em minha cabeça. Até porque, sentir-se desamparada é o mesmo de estar sozinha. Às vezes, sinto que minha voz ecoa em um lugar escuro, solitário... Mas, a ideia de que estamos sós, vem me acalentando, por mais paradoxal que seja.  

Além disso, há uma problemática que me rodeia: por que desejamos que o outro deseje o que estamos desejando? Claro, que essa problemática-afirmativa é do Lacan, psicanalista francês. Tudo é fruto do nosso desejo. Será que se chegarmos à gênese de algum desejo que nos atordoa, amenizaremos às dores cotidianas? 

Bem, eu sempre sofri com términos de relacionamentos: como não namorei muito, pois, o único namorado que tive estou casada ( e feliz) até hoje, vivenciei esses rompimentos com amizades amizades. Eu sempre depositava muitas expectativas, e almejava o inalcançável. No fundo, procurava-me a mim, como um espelho, que reluz a si mesmo.


Há várias maneiras de se sentir desamparado. Uma das maneiras mais dolorosas é a invisibilidade. Acho, a meu ver, que todo depressivo sente-se invisível, é fato! E de alguma forma, a depressão é uma forma de experimentação da solidão - a mais profunda, que seja. Não é fácil encarar este abismo. Se você olha para o abismo, o abismo olha para você. Desprender-se das amarras. 

Hoje, compreendo, de fato, que a pior prisão é aquela da sua mente, centralizada nos seus pensamentos. 

Pois bem!  


Uma eterna reticências... Pois bem! Não consigo terminar este texto!

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