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Mudanças

 Depois de muito tempo, hoje, volto a este blog. Deixo transbordar às escritas que fervem dentro de mim. Relendo às escritas afobadas, ansiosas, afoitas e, por vezes, precárias, lembrei-me que foi a partir deste blog, dos exercícios de escritas diários, que pude dar ensejo a escrita de minha tese: e que alívio! Defendo- a semana que vem, ainda estou perplexa, incrédula... É um misto de desespero, vazio, alívio e traumas revividos. Mas, o que importa é estar em pé no dia, não sei se estarei de alma presente, mas, com certeza, meu corpo performara no dia 10. Se me perguntassem, outrora, desse dia, com certeza, diria que ele, possivelmente, não aconteceria... Que voz é essa tão pessimista? Mas, que, ao mesmo tempo, existe uma força bruta dentro de mim. Se eu pudesse fazer um pedido a Deus, hoje, seria: dei-me serenidade. Pois, gostaria de estar presente, com a alma, no dia da minha defesa.  Pois bem, Karina, chegou... És seu dia! Sua força bruta e refinada se encontram naquelas 2...

Uma voz está nascendo...

 Muito em mim mudou. A travessia foi impulsionada através do luto, em 2015. Não me dei conta. Depois, de 6 anos, com análises e profundos mergulhos, dei-me conta dos meus traumas, dos dispositivos que o acionam... São monstros! Como ponderá-los para não destilar tanto ódio? Com o luto, eu tive que me encarar: quis voltar, porém, já não era mais possível: eu já tinha sido lançada para um outro lugar.  Esse lugar, chama-se vida adulta, sem firulas.  A liberdade tem um preço, um custo: custa crescer... custa deixar velhas neuroses, raízes profundas. Custa dizer não! Custa... Um dia, minha analista, disse: Escute esta música quando chegar em sua casa: "Debaixo d´água", da Maria Bethânia. E eu como uma pisciana invicta, sempre tive dificuldade de respirar. Quando fui lançada para vida adulta, muito cedo, sempre me senti com dificuldades de respirar, pois, tomar decisões e bancar com elas, era muito difícil, ainda é: e com o peito efervescendo de raiva, ressentimento, medos, tr...

Desamparo

 Descobri, a pouco tempo, que há uma "menina" em mim desamparada. Digamos, uma criança desamparada, feria pelo desamparo; e que de alguma forma, carreguei-a comigo por esses longos anos.  Adianto que deixá-la ir, não é tarefa fácil. É desértico a sensação de desamparo.  Na verdade, estou ainda a elaborar esta questão em minha cabeça. Até porque, sentir-se desamparada é o mesmo de estar sozinha. Às vezes, sinto que minha voz ecoa em um lugar escuro, solitário... Mas, a ideia de que estamos sós, vem me acalentando, por mais paradoxal que seja.   Além disso, há uma problemática que me rodeia: por que desejamos que o outro deseje o que estamos desejando? Claro, que essa problemática-afirmativa é do Lacan, psicanalista francês. Tudo é fruto do nosso desejo. Será que se chegarmos à gênese de algum desejo que nos atordoa, amenizaremos às dores cotidianas?  Bem, eu sempre sofri com términos de relacionamentos: como não namorei muito, pois, o único namorado que tive...

Eu hoje, mais uma vez, inventario a minha dor.

Talvez esta página tenha o intuito de inventariar a dor. Isto, soa esquisito! Nunca fará nenhum sentido, nem se quer será lida, com razão! As pessoas querem entretenimento, não escritas que, por vezes, sejam gatilhos. Mas, assim mesmo, eu falo. Falo com muitos e muitas; falo sozinha: que seja assim.  De alguma forma, particular ou não, todos sentem dor - àquela amiga que vociferar por socorro. Porém, de pouco em pouco, hoje, estou aqui para comunicar uma coisa, caro a mim: que nós, pobres e marginalizados, não temos nosso lugar no mundo, sobra-nos os restos. Existe um grande problema em aspirar desejos e sonhos que não fazem parte da sua classe social. Aparentemente, esta colocação é dura, porém, de fato, faz-se concreta e real. Nem todos os sonhos são para todos sonharem, é verdade! Difícil realidade! Porque tem a questão de classe.  Eu, como boa pisciana, já sonhei muito, e, ainda sonho. Mas, vejo que por mais que nos esforçamos; por maior que seja o sacrifício, sempre estar...

Luto

Carta ao meu luto. Ou melhor, escrita para o meu luto: que não passa, e é latente. Aqui, neste espaço, tentarei exercer a escrita verdadeira, por mais deficitária que seja. Avante! Coragem. Escrever é rasgar-se a si mesmx.  Primeiramente, devo mencionar que:  -  não sei de qual luto falo aqui;  - são inúmeras facetas de um luto;  - é possível sentir luto pela perda do indivíduo que se esvai, mas se encontra vivo;  - é possível não conseguir enlutar alguém;  - algumas perdas são imensuráveis; e - eu não sei se trago, comigo, a dor da perda de pessoas que se foram somente da minha vida, ou, daqueles que não se encontram em nosso plano terrestre.  De qualquer forma, é dor, é luto.  Escrever é um exercício mental, espiritual e psíquico para manter-se viva e em pé. Não é fácil, mas, seguimos.  Eu não sei quantos meses vou demorar para escrever este texto. É um texto que ferve, que dói, dilacera... A morte sempre nos deixa uma questão: o que n...

Escrevo para sentir melhor.

Semana difícil; semana solitária.  De alguma forma algo foi sucumbido de mim; por um lapso a vida se esvai.  Acho que este é o meu tom.  Escrevo porque dói; porque sangra, porque ferve... Sentir, normalmente, é um ato solitário, principalmente, quando nos tornamos analfabetos emocionais: assim estou! Por isso necessito escrever para ver se esta dor se esvai e se compreendo melhor os meus próprios sentimentos. Pois bem! Polidez! Aqui é um espaço público. Os meus cadernos são mais privados. Escrevo em tudo que posso! Talvez, eu não consiga conter o meu ego.  Ainda encontro-me na escrita do meu prólogo. Talvez, seja por isso que encontro-me, atualmente, tão desnorteada e perdida, pois, estou indo para um outro lugar. Quando escrevo, melhoro-me! Quando escrevo sou obrigada a sair do meu lugar para ser realocada, ou, transportada para outro lugar. Escrever é um remendar-se, dói! Perdi o traquejo com a vida. Na verdade, eu ando entalada. Talvez seja um excesso de ego, bem ...

Amizade: etnia, classe, cultura e história.

Hoje, estive imersa, ou melhor, submersa o mais profundo possível na escrita da minha tese, mais propriamente, em meu prólogo: escrita que ferve e potente. Da escrita desse prólogo surtem várias questões, atravessamentos. São brutos, intensos, são meus e de tantos outros brasileiro que são produtos de um projeto liberal de embranquecer a população negra e indígena.  Mas, hoje, aqui, debruçar-me-ei a pensar sobre a amizade, análogo também a esse exercício da escrita de um prólogo, mas, que não cabe nas linhas de uma tese. Nem sempre a vida, em sua mais genuína existência, cabe em páginas e meandros de uma tese. Dirão-me: mas é claro, sua escrita se dá, ou,  constitui-se em um campo científico no qual não tem espaço para o Eu. Talvez, seja este o propósito deste blog: transpassar às escritas acadêmicas. A escrita é algo forte para mim, que ferve; que a partir dela eu possa compreender melhor o mundo e, por conseguinte, a mim mesma. Que eu não tenha medo desse exercício tão profí...